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OM NAMAHA SHIVAYA... OMMM

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sábado, 4 de junho de 2011

ANDRÉ LUIZ E "NOSSO LAR"




É como um Iniciado de Quinto Grau
que escrevo estas palavras.

 SUDDHA DHARMA MANDALAM

 





                                   O livro "Nosso Lar", ícone dos espíritas, escrito por André Luiz e relatado através do médium Francisco Cândido Xavier, virou filme. As imagens apenas supõem que o que André Luiz relatou a F. C. Xavier seja o mais próximo de uma realidade que reconhece o infinito da vida. Tudo ali, conduzido pelo filme, emociona. O livro ensina por dosagem de Sabedoria e o filme não irradia na mesma eloqüência. O livro deu respaldo a como extrair da vida um possível salto nas regiões umbralinas, evitando todo o stress pós traumático que o desencarne acomete aos menos desavisados, quanto ao bom uso de sua vida. "Nosso Lar" seria um paradisíaco local onde as síndromes relacionadas aos transtornos alimentares, depressão, melancolia, angústia e todo um elenco de possibilidades fatais, deixariam o desencarnado fora de um perigo potencial. Publicado em 1944, o livro "Nosso Lar" foi psicografado em 1939, sendo que o falecimento do autor ocorreu em 1931, estando o mesmo com 42 anos. Desde então, o livro não ficou mais nas prateleiras.

                       "Nosso Lar", o livro, narra (pag. 22) que tão logo faleceu (às 17:00hs), o personagem despertou, não como André Luiz (grifo meu) mas, o médico em neurologia e psiquiatria, com total consciência e cultura colhida da experiência material que deixara. De toda uma intensa e curta vida, embora fosse católico praticante, naqueles momentos do pós mortem, já iniciava transtornos na escuridão do umbral. Seu mundo caiu. E não foi fácil para um psiquiatra, com seu título de doutor, observar-se numa realidade que o denegria. O quanto profundo fosse a sua intelectualidade, ali, no umbral, o título se anula e as primeiras longas horas de comparação, constatação, evidenciaram-lhe, pelo macabro vislumbre, que sua vida estava violentada. A linha entre a ilusão que fora sua vida de encarnado e a realidade de desencarnado lhe trariam efeitos profundos. À quantos milhões de quilômetros estaria o médico fora da sintonia de sua alma? O que, ali no recinto umbralino, iluminaria sua alma?

                       Sua única missão, ao longo de oito anos na penumbra, foi desempenhar sobrevivência, enganar monstros irreconhecíveis, que somente os loucos, de quem tratou com sarcasmos em vida, sabiam, como aceitação mensurável. Agora, sem repouso, sob gritos ensurdecedores, avistava seres humanos, ou restos de nós, perpetuamente alguns banidos e eventuais outros, caminharem sobre o fio da navalha. Não havia norte, não havia sul. Não havia sequer referência alguma para que se desviasse do curso fétido, do dia sem sol e da escuridão que desorienta todos de qualquer fé absoluta. Não procurava ganhar tempo, pois sentia-se completamente incapaz.

                       Nada, onde ele estava, tinha afinidade com a vida. E as vidas, que lá proliferavam, partilhavam com a sombra suas culpas, suas ilusões incapacitadas, seu lado de mal bocado, pela vida humana petrificada que processaram. Pelos relacionamentos inadequados em vários aspectos, ali, os escombros menos amadurecidos complementavam somente dor. Dor sem razão, sem sentimento. Eram seres inacabados, quanto a caminharem para novos valores.

                       No escuro, o doutor estava emergido em sua ignorância. Ali, sem essência (ocupava posição de suicida inconsciente), sem se relacionar com qualquer outro ser, mantinha-se, expandindo medo na apreciação dos monstros que se rivalizavam em toda parte. Concretamente havia, o doutor, aprendido a fazer uso do medo como abordagem de sofrimento. Talvez reputasse o fato de que todos os seres humanos sejam criados iguais. Mas, com certeza, ali na sua dor, entendera, tão obviamente, que não somos iguais em outros níveis.

                       O erro fundamental do doutor, enquanto encarnado, é referente à felicidade e o quanto ela é importante em diversificados momentos da vida de um ser humano. A felicidade se tornou esquecida do doutor, à medida em que ele conquistou título e méritos em seu trabalho frente ao magistério da medicina, na qual foi reputado clínico e livre docente da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Seguiu apenas seus desejos de posse e poder. Não fez nada com alegria. Não fez nada por amor e isso prejudicou seus resultados. Deu-lhe grande renome, elevado prestígio e uma nefrite crônica que o fez desencarnar. Os fins, para o doutor, não justificaram os meios.

                       Como poderia uma Rosa ser construída por dever de ofício e depois enternecer corações que a observam? Ela não possuiria a aura certa, a fragrância que alegra o olfato. Assim, o doutor viveu para a especialização e fez grande uso da intelectualidade. Cresceu aplicando-se, tão somente, na tarefa de existir letrado, mas não conheceu, com sua identidade de catedrático cientista-médico-pesquisador, a terra, a água, o ar e o espírito. Foi um ser humano letrado, porém cego, distraído e sórdido. Por isso, após sua morte, precipitou-se, como uma pedra, para o fundo do umbral (o filme evidencia muito bem isso).

                       Suas inquietações ganham contornos quando levantou o rosto da lama negra. Carregava, a partir dali, a aura do que era. Exalou o ar que não continha a sensação de ser um bom lugar. Desabrochava, ali, o rascunho do que, um dia, viria a ser André Luiz.

 
Shrî Vidyacharanasampanaananda

 

















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