A Reinvenção de Ser uma Jovem Gestante
Parte 2:
A Paixão não dura
Quando
deixamos nossa felicidade nas mãos de alguém, é importantíssimo que se saiba, e
bem, que estamos deixando nossos sentimentos ficarem nus, fazerem-se
compartilhados e expostos. Tudo o mais será, a partir daí, um ponto de interrogação. Nossa idéia de
felicidade humana versus outro ser humano repousa sobre bases frágeis. Quando o
amor que sentíamos começa a falhar tornando-se, com o passar do tempo, um
problema de difícil solução, desenvolvemos uma condição debilitante a
princípio, que progride ao estressante, numa irritabilidade que vai drenando
toda a energia, deixando-nos sempre exaustos e numa insônia que não melhora nem
com repouso diurno.
Os
sintomas emocionais afetivos que o ser humano desencadeia no final de uma
relação a dois torna um dos parceiros testemunha viva de uma dor danosa.
Reajustar o comportamento de quem sofre para as linhas da harmonia é um programa
que exige disciplina, por ser um tema perigoso. De muitos que sabem de um
problema vivenciado por um amigo (a), poucos olham com a devida atenção e
raríssimos penetram para ajudar.
Ajudar,
no sentido amplo, é necessário que existam duas polaridades: o magnetismo mais
forte que se predispõe em solicitude humana na força de dar amparo, e a força
que queira receber ajuda. Quem sofre com uma gravidez indesejada, encontra de
alguém essa doação no âmbito de uma causa tão profundamente doída que, só com o
amor, fará o outro que sofre reajustar-se. Sair do estratosférico de uma dor
que inquieta a alma, a consciência e a vida.
Aprendi
que a paixão é mentir tudo o que não somos (a máscara um dia cai). Só o amor
alicerça um relacionamento. Só com o pilar do amor começamos a compartilhar
verdades.
A
reflexão que construí dando aulas para tantas adolescentes gestantes, de
famílias de baixa renda, deu-me entendimento o qual compartilho finalizando a
parte 2.
Toda
adolescente de 14/15 anos encontra-se exposta à brisa mutável de seus desejos.
Raríssimas acautelam-se contra a inconstância mas, já outras têm, no próprio
fracasso, o sabor do próprio erro. Tudo nele aconteceu de maneira por acaso ou
triste. A realidade menos saudável, de tudo isso, é que intrinsecamente
complica a vida da jovem adolescente. Uma gravidez não esperada, ou indesejada,
muda o rumo de uma vida para sempre.
Uma
futura mamãe adolescente pode, portanto, escolher, optar, aceitar. Pode se
sentir abençoada pelas forças da vida que carrega no ventre; optar a que lhe
foi confiada uma gestação e pela qual ela terá a possibilidade de resgatar sua
vida; ou aceitar sua gravidez como um cruel castigo, algo terrível para ser
abandonado no lixo.
Mas,
e quando nascer? Aquela criança, com o tempo, vai saber até que ponto sua mãe
desejou mudar o roteiro de sua vida, tendo ou não seu amor. É aí que o foco da
consciência germina a consciência. O que toda criança necessita em seus
primeiros dois anos de vida é de uma mãe amorosa e nutritiva. Mãe capaz de
abrir um espaço na sua existência, seu mundo social, para dar todo o tempo ao
trabalho divino de ser o anjo da dedicação para aquele que é a célula de sua
célula, sangue de seu sangue. Mães, divorciar sua afetividade para com uma vida
que começa, é perigar a própria existência de quem só pede amor, calor e
nutrição.
Shrí Vidyacharanasampanaananda